Em Barcelona, cópias dos ladrilhos que formam as calçadas do charmoso Passeig de Grácia são vendidas na loja de souvenir da casa La Pedrera.
Como não sou bobo e aproveitando a ideia de quem não dorme no ponto, estou oferecendo a quem quiser e puder comprar, não cópias, porém os ladrilhos originais que formam a calçada que margeia minha casa.
Atenção: Estoque limitado.
Chegou de visita um grande amigo meu das antigas, Adônis. Fazem 9 anos que não o via pois mora na Alemanha. Veio acompanhado de sua mulher, Carola, dotada de um fino senso de humor. Rapidinho nos enturmamos. Com os bons amigos, não importa se faz quase uma década que não os vejo, tenho sempre a impressão de que foi ontem a última vez que os vi.
Como não poderia deixar de ser fizemos um ótimo passeio pelo roteiro de Ivoti a Canela, passando por Nova Petrópolis e Gramado. Foi legal porque passamos longe das lojas de bugigangas e dos eternos coelhos da páscoa e papais-noéis e nos ativemos ao passeio pela natureza da região.
Reencontro dos amigos
Núcleo Histórico de Ivoti com zelosos guardadores
Sempre visito este velho e milenar amigo, o Pinheiro grosso de Nova Petrópolis. Vive num local afastado, muito tranquilo, curtindo os seus anos alheio às turbulências da modernidade. Vendo nossas gerações irem e virem como nós vemos a brevidade das moscas. É um ótimo lugar para recarregar energias e pensar no que estamos fazendo com nossos poucos anos.
Guardião da floresta, Adônis.
Cascata do caracol
Ninguém se importa com o pobre fotógrafo, todos curtindo o frescor das águas que logo ali desembocarão na cachoeira.
Carola flagrou um habitante tímido do parque, o quati, que ao ser visto logo se embrenhou na mata.
Praça Real.
As tradições que se desenvolveram a partir do nascimento de Cristo criaram, ao longo dos séculos, criaturas bizarras como Papai Noel. Algumas figuras são intrigantes como o Knecht Ruprecht, em algumas regiões da Alemanha, onde o sujeito aparece no começo de dezembro e sai a perseguir e castigar as crianças que não se comportaram bem durante o ano.
Nesta viagem que fizemos a Barcelona nos contaram uma história muito engraçada. O Natal é preparado ao longo do ano pelas próprias crianças. Na cidade de Breda fomos visitar uma loja construída dentro de um oficina tradicional de cerâmica desativada. Entre tantas peças lindas de cerâmica encontramos um novo personagem natalino. Nossos amigos catalães Marian e Rodrigo nos contaram a sua história. Um tronco com duas patas de madeira é alimentado ao longo do ano pelas crianças. Em dezembro ele é vestido com um longo manto vermelho. No dia do Natal as crianças da casa aparecem munidas de porretes e chicotes e começam a espancar o tronco gritando as palavras de ordem "Caga tio, Caga tio!" e em seguida recolhem os presentes produzidos pelo alimento consumido ao longo do ano, que são retirados debaixo do manto. Daí seu nome Caga-tio!
Para os turistas esgotados pelas caminhadas infindáveis, a cidade de Barcelona oferece bebedouros públicos em vários pontos da cidade. Não são simples bebedouros, são obras de arte que servem água. Além disto, todos funcionando perfeitamente.
A arte dos mosaicos está espalhada em várias partes de Barcelona, não somente nos famosos prédios de Gaudi mas em lugares inesperados. O que chama atenção é o seu excelente estado de conservação. Na época do modernismo catalão ele teve seu auge. É um deleite para os olhos. Me pergunto como a cidade se viu livre da praga de pichadores que infestam e enfeiam nossa cidade
Ornamentam as orelhas dos prédios do bairro gótico de Barcelona.
Fingindo-se de luminárias.
Praça Juan Miró
O pêndulo secular dos movimentos migratórios está atingindo o extremo oposto do que estava há um século atrás, quando milhares de europeus vitimados pelas guerras e pobreza abandonaram o pouco que tinham e foram atrás do sonho de uma nova vida nas américas. Agora a situação se inverte. Insatisfeitos do mundo inteiro migram para a europa em busca de uma vida mais digna.
Porém existe um grupo especial de imigrantes que não tem a mínima idéia do porque estão ali. Imagino que eles tenham vindo enjaulados do Rio Grande do Sul, e num momento de descuido de seus carcereiros tenham se evadido das gaiolas e ganhado os ares de Barcelona. Eles passeiam pelas praças como pombas, comem coquinhos que caem das inúmeras palmeiras das praças e ruas da cidade. Entre suas suas folhas constroem seus ninhos.
Quando criança tinha um destes como bicho de estimação. Vivia no meu ombro, imitando meu jeito de falar. Naquela época não tinha muita noção da crueldade a que submetia o pobre pássaro, cortando-lhe periodicamente uma das asas para que não fugisse e impedindo o convívio com os de sua espécie.
Esta ai é inspirada no Banzé, filho da nossa cachorra pretinha, hiperativo, destrutivo e muito carinhoso. Teve uma vida intensa e meteórica. Foi atropelado no sítio da casa de minha mãe aos 8 meses.
Porta do Museu Catedral gótica.
Parque Güell
Os nossos portões de Porto Alegre estão evoluindo rapidamente em seu design, tomando o aspecto de prisões, atrás deles se auto-aprisionam os acuados cidadãos, temerosos da violência que circula livre pelas ruas. Uma total inversão de papéis. Como deixamos isso acontecer, o que será que houve com o espírito de nosso povo, outrora tão valente, que até guerra fez contra a injustiça e a opressão? Nos resignamos a nossos frágeis refúgios entorpecidos pelas novelas globais, esperando pelo Big Besteirol. Enquanto a isto a barbárie grassa lá fora. No dia seguinte, saberemos quem foi a bola da vez pelos jornais ou pela vizinhança.
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