Desde que estudo piano, ensaio várias vezes ao dia, mais ou menos umas duas horas e meia. Começo às 7 da manhã por meia hora Acho ótimo iniciar a manhã com música. E lá se vai mais de um ano nesta rotina. A segunda feira amanheceu chuvosa e fria, e quando Mariângela retornou da escola trouxe um bilhete anônimo encontrado na nossa caixa de correio. "Gostamos de sua música às 7 horas da manhã " A mensagem ficou dúbia. Poderia ser alguém ironizando com o piano mal-tocado atravancando o sossego de algum vizinho. Tenho auto-critica suficiente para saber que o que toco está mais para horrorizar do que sensibilizar algum passante.
Hoje pela manhã , na hora do café, após meus exercícios no piano, Mariângela trouxe mais este bilhete:
De fato, tem gente escutando e apreciando meu dedilhado das manhãs . Se fosse um elogio pelas minhas cerâmicas até entenderia, pois já fazem 20 anos que estou chafurdando na lama e se não fosse elogiado pela qualidade do trabalho pelo menos seria pela teimosia e dedicação. Mas o piano, este está longe de colher merecidos elogios, talvez sim pela persistência, estudo muito para avançar alguns milímetros.
Me pergunto o que move uma pessoa a escrever um bilhete de incentivo e porquê anônimo?
Amanhã quando eu andar pela rua todos que eu encontrar serão suspeitos. É a paranóia do bem. Acho que eu não quero saber quem é o autor assim posso fantasiar a vontade.