Nesta semana fomos ver o filme " Habemos Papa", muito intereassante, não só por mostrar o processo de sucessão dos papas, mas também por mostrar a imensa fragilidade humana em confronto com mudanças e novas responsabilidades.
Em determinado momento colocaram uma música interpretada por Mercedes Sosa, "Todo cambia", que cristaliza a idéia do filme. Como quase todo mundo, tive uma fase "Sosista". Tenho alguns discos dela.
Conforme os anos avançam e tenho saudades de mim mesmo gosto de escutar "Alfonsina y el mar"," La cigarra", "Volver a los 17". "Todo cambia" é muito atual neste momento.
Mudanças pessoais e no estilo da cerâmica. Tenho uma verdadeira obsessão pelos fios de barro envolvendo as peças num abraço acolhedor de pai transmitindo amor e harmonia e conduzindo seu filho para a vida, ou, me ocorre agora, um abraço sufocante de gibóia.
Prefiro estas peças quando estão ainda úmidas, quando ainda podem ser modeladas. daqui a pouco elas estarão em seu maior momento de fragilidade, quando qualquer toque pode derrubar o castelo de cartas.
Elas tem que secar lentamente cobertas por um sacola plástica. Na medida que o processo de secagem avança surgem as tensões que rompem ou descolam os fios. Tenho que observar a peça duas vezes ao dia e aliviar as tensões com um pincel úmido de barro líquido e água. Já fui enfermeiro, talvez por isso gosto de conduzir as peças nestes momentos difíceis. Nas minhas mãos até agora não morreu nenhuma. A cada nova peça aumento o nível de dificuldade.
A queima de esmaltação a 1260º retira muito a beleza da fragilidade e do risco
Vendo deste ângulo me faz lembrar de uma frágil caravela preparando-se para enfrentar qualquer mar
2 comentários:
Rui, adorei essa peca, fantástica!! Imagino o trabalho e o suspense até que saia do forno inteira.
RUI, tutaqui!!! Ou melhor, aí!
Acabo de descobrir!
Vais arrasar amanhã; as peças estão lindas.
Abraços - também às gurias,
Córdula
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