Todos sabemos que vivemos em uma época de aceleração em que momentos de tranquilidade e intimidade são cada vez mais raros. Um dos meus refúgios para contrapor à loucura do tânsito, violência urbana e desrespeitos é a música dita clássica. O meu trabalho diário no atelier é embalado por Händel, Bach, Mozart ,entre tantos outros, e são também fonte de inspiração.
Sair à noite em Porto Alegre é sempre uma aventura. A vontade de ouvir o Messias de Händel no teatro São Pedro foi maior que os receios.
Ao sair da garagem com o carro me deparei com a cena grotesca de um gari que recolhia com seus colegas o lixo da calçada para o caminhão. Um deles abordou um papeleiro que carregava alguns sacos e lhe atacou a chutes, correndo atrás dele por meia quadra.O trânsito até o centro sempre lento, ruidoso, com motoristas tentando vencer as leis básicas da física a businaços.Na ida do estacionamento ao teatro temos que enfrentar um bando de mal-encarados andando pelas sombras.
O teatro São Pedro é uma bela construção que nos remete a outros tempos. Gosto de chegar mais cedo para ficar relaxando na poltronas, curtindo as formas e os desenhos do teto, me preparando para o concerto. Quando entro no teatro a bagunça do mundo moderno fica lá fora e deixo-me envolver pela atmosfera de intimidade. Tento decifrar os ecos dos milhares de espetáculos que ali ocorreram ao longo de sua existência.
Mas desta vez não foi assim. Resolveram nos presentear com uma dolorosa “Instalação sonoro visual”. No fundo do palco foi projetado em tamanho cinema o trânsito enlouquecido dos arredores do centro, com seus sons irritantes. Um estupro visual e sonoro para quem se prepara para um concerto. Chato, repetitivo, irritante. Dava para perceber que ninguém estava a fim daquilo. O que buscam as pessoas quando vão a uma sala de concertos? Com certeza não é rever o horror do stress de tânsito e de pessoas desconexas. Se eu soubesse disso quando comprei o ingresso não teria ido.Para isso bastaria ficar sentado na varanda de minha casa observando o trânsito e os acidentes que acontecem na esquina pelo menos 2 vezes na semana.Com certeza teria muito mais proveito escutando Händel num Cd no meu atelier Zen. Quando a orquestra entrou tivemos que esperar constrangidos por um bom tempo até que aquela imundície sonora – visual terminasse. E assim do nada, começou o concerto.Falta de respeito total.
Nem o dia faz isto com a noite. Ambos se respeitam no lento e progressivo acender e apagar.
Só consegui prestar atenção na apresentação na metade final. Não lembro de outra vez que saí tão frustrado de um espetáculo.Gostaria de fazer uma reflexão sobre a beleza das peças de Händel e da boa interpretação por parte da orquestra e coral, apesar do reduzido número de cantores.
Sinceramente acho que esta foi uma das mais infelizes associações sonoras. Quem organizou isso não tem a mínima ideia do que se passa na mente das pessoas que vão assistir uma peça clássica de tanta sensibilidade. É lamentável.
Sair à noite em Porto Alegre é sempre uma aventura. A vontade de ouvir o Messias de Händel no teatro São Pedro foi maior que os receios.
Ao sair da garagem com o carro me deparei com a cena grotesca de um gari que recolhia com seus colegas o lixo da calçada para o caminhão. Um deles abordou um papeleiro que carregava alguns sacos e lhe atacou a chutes, correndo atrás dele por meia quadra.O trânsito até o centro sempre lento, ruidoso, com motoristas tentando vencer as leis básicas da física a businaços.Na ida do estacionamento ao teatro temos que enfrentar um bando de mal-encarados andando pelas sombras.
O teatro São Pedro é uma bela construção que nos remete a outros tempos. Gosto de chegar mais cedo para ficar relaxando na poltronas, curtindo as formas e os desenhos do teto, me preparando para o concerto. Quando entro no teatro a bagunça do mundo moderno fica lá fora e deixo-me envolver pela atmosfera de intimidade. Tento decifrar os ecos dos milhares de espetáculos que ali ocorreram ao longo de sua existência.
Mas desta vez não foi assim. Resolveram nos presentear com uma dolorosa “Instalação sonoro visual”. No fundo do palco foi projetado em tamanho cinema o trânsito enlouquecido dos arredores do centro, com seus sons irritantes. Um estupro visual e sonoro para quem se prepara para um concerto. Chato, repetitivo, irritante. Dava para perceber que ninguém estava a fim daquilo. O que buscam as pessoas quando vão a uma sala de concertos? Com certeza não é rever o horror do stress de tânsito e de pessoas desconexas. Se eu soubesse disso quando comprei o ingresso não teria ido.Para isso bastaria ficar sentado na varanda de minha casa observando o trânsito e os acidentes que acontecem na esquina pelo menos 2 vezes na semana.Com certeza teria muito mais proveito escutando Händel num Cd no meu atelier Zen. Quando a orquestra entrou tivemos que esperar constrangidos por um bom tempo até que aquela imundície sonora – visual terminasse. E assim do nada, começou o concerto.Falta de respeito total.
Nem o dia faz isto com a noite. Ambos se respeitam no lento e progressivo acender e apagar.
Só consegui prestar atenção na apresentação na metade final. Não lembro de outra vez que saí tão frustrado de um espetáculo.Gostaria de fazer uma reflexão sobre a beleza das peças de Händel e da boa interpretação por parte da orquestra e coral, apesar do reduzido número de cantores.
Sinceramente acho que esta foi uma das mais infelizes associações sonoras. Quem organizou isso não tem a mínima ideia do que se passa na mente das pessoas que vão assistir uma peça clássica de tanta sensibilidade. É lamentável.
Um comentário:
Oi, Rui
Isto que aconceteu com você, como um fato episódico, vivencio quase que diariamente aqui em SP! Sei muito bem como não é fácil manter a serenidade quando os acontecimentos são repetitivos. Só para você ter uma idéia: lá na Ecofit, aonde faço o Aikido, o tatame fica ao lado de uma quadra de esportes, sob o mesmo teto e separados por uma rede. Lá acontecem todos os tipos de atividades (dança, boxe, basquete, futebol, festas etc). Nossas aulas coincidem com várias dessas atividades e o esforço para manter a concentração é enoooorme! Antes encarava como um desafio a ser vencido e me sentia vitorioso por conseguir treinar, apesar das condições, mas com o tempo fui ficando de saco cheio e, recentemente, já por 2 vezes, me acidentei por estar desconcentrado = cheguei até mesmo a quebrar um dente da frente!
O pior é que adoro fazer o que faço, com quem faço, e, por uma série de fatores, não há perspectiva de mudança de condições no curto prazo.
Resumo da ópera: tenho que aguentar as coisas assim por enquanto, haja Aikido para isso!
Um abraço e saudades de todos aí...
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