sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dê uma olhadinha

Meus  novos bules canecas e açucareiros apresentados aos paulistas  pelo  jornal Estado de São Paulo de 28/11/10

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ceia de Natal

Como em milhões de lares nesse mundo a fora, essa numerosa família está preparando num esforço coletivo e solidário a sua ceia de Natal. Prato principal: "Libelule aux Oranges"
Feliz Natal. 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Chopp para metaleiros

Nunca fui muito chegado aos metaleiros dos séculos XX a XXI, prefiro os dos séculos XVI e XVII, que soam melhor com a minha alma, como Mozart, Beethoven e Bach. Porém gosto de desafios. Um cliente meu do brique, que conheceu meu trabalho esse ano, comprou uma série de peças em diversos momentos. Pensei que eram presentes. Na verdade, ele estava repaginando sua cozinha com as minhas peças. Quem me contou isso foi sua filha. Ele nunca havia feito uma encomenda, sempre comprava o que tinha na banca. No mês passado ele disse que tinha uma caneca de chopp  que destoava completamente do contexto e queria uma que estivesse em sintonia com meu material e que fosse bem Heavy metal.Tenho encomendas que não batem comigo, vou enrolando até me dar conta de que não vou fazer e desisto sem grandes pesos de consciência. Porém, tem algumas que são um desafio para a criatividade. Nada como um bom Google para me atualizar com símbolos associados ao movimento Heavy Metal. Raios, guitarras e caveiras estavam em quase todas as imagens.
Será que deu certo? 



sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Tratadores e dissabores

 De fato é difícil contentar a todo mundo. Me dei conta disso quando comecei a fazer tratadores/bebedouros para pássaros. As pessoas têm opiniões muito diversas de como se relacionarem com esses invejados e livres animaizinhos que transitam por nossos quintais a despeito de qualquer muro. Além de livres, são cheios de cores e cantos. Tenho uma fantasia invejosa dessa vida aparentemente descompromissada. Os clientes do brique são cheios de opiniões quando pensam em adquirir uma das minhas peças: os pássaros não vêm, pois as réplicas de cerâmica os assustam; se o tratador não tem furo, quando chove a água estraga a comida; se tem furo, eles querem colocar água; às vezes a borda é muito alta e às vezes, muito baixa. Já alterei meu protótipo inúmeras vezes. Para os que dizem que balançam muito com o vento, fiz os de parede. 
Agora estou com um modelo mais versátil. O recipiente de água é separado do de comida. Acho que as pessoas têm essas opiniões divergentes pela absoluta e natural impossibilidade de diálogo entre as duas espécies, e aí projetam suas angústias e fantasias. Só sei que aqui em casa os passarinhos não estão nem aí se a comida está sobre um caco de telha ou sobre um lindo tratador de cerâmica, o que eles querem mesmo e encher a pança sem muito trabalho.


Raras vezes consegui que esse vidrado atingisse uma beleza tão exuberante. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vale a pena esperar

  Este exemplar de Cacto já tenho há mais de 10 anos. Nestes anos todos não fez mais do que espichar-se em direção ao céu alguns milimetros por ano e espalhar brotos junto ao solo, além dos milhares de espinhos que parecem renovar-se a cada dia.
Não sou colecionador de cactos, mas admiro muito esta planta encapsulada em sí, resistente a seca dos verões e que não esconde sua agressividade defensiva e rude.

 A delicadeza de suas flores de curtissima duração parece compensar seus 10 anos de silêncio e espetadas...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Para quem quer sempre tudo na ponta do lápis...



...ou para os que precisam tomar notas urgentes na hora do café.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Queima de raku

 O Raku é uma técnica de queima  originária do Japão. Consiste em retirar as peças incandescentes do forno, acima dos 1050 graus, enquanto o esmalte estiver  fluido. Com uma pinça apropriada  as peça são colocadas em um tonel de metal e recoberta com serragem. Com uma tampa metálica abafa-se o fogo por algums minutos. Em seguida as  cerâmicas são retiradas do tonel e jogadas na água para interromper as reações químicas com a fumaça. Neste processo de redução a fome do fogo pelo oxigênio é tão grande que arranca quimicamente as moléculas do esmalte alterando radicalmente suas cores,onde não foi esmaltado as peças ficam negras. Esta queima é uma festa porque em poucas horas se tem o resultado nas mãos. São várias pessoas trabalhando. Uma para abrir e fechar a porta, outra para retirar as peças e a terceira para cuidar do tonel de serragagem





Para revelar a exuberância das cores, muita paciência, escova e detergente.
  



  







E como não poderia deixar de ser, as peças das alunas são as mais lindas...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Reflexões de um caramujo



Algumas vezes gostaríamos que as coisas andassem no ritmo de Guilherme Tell, de Rossini, mas muitas vezes o andamento é outro, lento, cheio de indecisões. Porém, as vantagens de não se andar em uma ferrari, e sim em um fusca velho, é que dá para ver os detalhes da paisagem e é difícil de se perder na curva.
O caramujo do vídeo, quando passeia pelo atelier, sai espalhando seus sábios conselhos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Forno - Parte IV- Ele mostra para o que veio

Hoje pela manhã fiz a segunda queima no forno coletivo. Achei que esta queima teve resultados exuberantes. É só dar uma olhadinha no gato abaixo, feito pela Luiza. 

A porta do forno não me parecia muito prática, exige muita mão de obra e tempo para abrir e fechar. Por isso decidi fazer uma com fibra cerâmica de alta temperatura. 



Para fixar a fibra frágil na grade torneei estas presilhas bem como os olheiros para visualizar o interior do forno. 
A fibra é muito sensível, As presilhas são amarradas com arames na grade bem como os olheiros

 


A ideia deste  forno é de ser fácil para fazer e de baixo custo, por isto abri mão de uma dispendiosa estrutura metálica para a sustentação da porta. O jeito foi dar uma escoradinha. Até o machado com que corto as madeiras para fazer a redução final na queima, entrou na jogada


A equipe está pesquisando e preparando receitas novas de esmaltes, em primeiro plano estão alguns testes bem sucedidos 
É impressionante a ação das chamas e da falta de oxigênio sobre as peças durante a queima. As canecas acima foram esmaltadas com somente um  tipo de esmalte. O turquesa se transforma em vermelho
 por magia do fogo 
Esta sequência de fotos também mostram  os efeitos  inesperados da queima e por incrível que pareça há também somente um esmalte na peça . Como surgiu esta tempestade de raios ?




 
O único problema deste forno é que ele é um pouco  desgovernado e anarquista como eu.
O cone da direita ultrapassou os 1260 graus, foi colocado a 15 cm da entrada das chamas. Os outro dois para 980 graus , coitados, quase desapareceram, foram colocados da metade  e na parte superior do forno. Tentei  comprar  cones para outras temperaturas e recebi a triste notícia do fornecedor que a única fábrica de cones do Brasil fechou as portas. Mas não há de ser nada, nós ceramistas estamos acostumados a estes percalços e vamos superar mais isto.

sábado, 11 de setembro de 2010

Forno Parte III - A queima

Finalmente conseguimos terminar o forno e começamos a carregar as peças previamente feitas para este tipo de queima. Algumas foram queimadas previamente  no forno elétrico de alta temperatura, nas outras a vitrificação acontecerá durante a queima. A ansiedade de todos é grande
 
As peças da prateleira de baixo foram colocadas sobre uma camada de serragem, para reduzir a quantidade de oxigênio na atmosfera do forno. 

 
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Depois de carregado a porta do forno é cuidadosamente  reconstruida.

Este tipo de queima reque um queimador simples e um botijão de 13 quilos.

 
Em 2 horas e meia de queima a temperatura chegou a aproximadamente 1050 graus.  se a balança estiver certa o consumo de gás foi  somente de  3 quilos.

Na porta foi deixado um tijolo removível para permitir a  visualização interna do forno, onde é colocado o cone pirométrico que indica a temperatura. Para cada temperatura há um cone específico. eu só tinha cone para 980 graus
O cone da esquerda foi colocado na primeira prateleira onde a temperatura foi tão alta que evaporou. O da direita coloquei no meio do forno, o estado dele indica que ultrapassou em muito a temperatura. 

 
A quantidade  de oxigênio disponível  durante a queima determina a cor de alguns esmaltes e da própria cerâmica sem esmalte, por isso quando  foi retirado o queimador fechei a chaminé e  continuei jogando serragem e lascas de madeira para dentro do forno por uns 20 minutos. A fumaça foi infernal 

 

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É claro que a equipe compareceu em peso no dia seguinte para  a abertura do forno, faltava espaço para tantas cabeças 

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De mão em mão são passados os recém nascidos com cuidado e muita atenção
  
Algumas peças tiveram resultados surpreendentes, o esmalte queimado  no forno elétrico tem sempre a cor turquesa  claro. Neste tipo de queima ele varia entre vermelho, vinho e metalizado 

A caneca do centro foi queimada no forno elétrico. Onde não há esmaltes a cerâmica escurece em função da fumaça

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Todas as criaturas do atelier vem contemplar o resultado
A carreira do ceramista é cheia de dificuldades, frustrações, o caminho é difícil. Só vencem os que tem amor e perseverança