sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A saga do forno - parte 2

O Observador no alto dos caramanchões: Que bagunça é esta no meu quintal?

A construção do forno continua. Desta vez foram cortados os tijolos para a porta e construída a chaminé

Porta de correr para fechar a saída para a chaminé. É importante para controlar a temperatura e quantidade de oxigênio na queima que altera profundamente os efeitos dos esmaltes nas peças


Começando a subir a chaminé 


Ana , além fotografar com sensibilidade é ótima com a pá de pedreiro na mão.

Figuras inspiradas em Hyeronimus Bosch oriundas das penumbras da idade média  aqui servem de apoio para as luvas de pedreiro e não mais para atemorizar os fiéis daquela época


Será que vai funcionar? 

Após  algumas horas de árduo trabalho, a merecida pausa para o café.




Último gole de café antes de preparar as esmaltações para a estreía do forno na próxima quarta-feira


 

 
A linda borboleta depois de seu terceiro e último  nascimento acontecido próximo do forno se preparando para zarpar bem longe antes que a coisa esquente por aí na semana que vem. Ninguém sabe o que engendram as cabeças dos ceramistas...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Auxílio divino

Entra ano e sai ano e as lagartas vem se alimentar das folhas do saco de padre, um arbusto de ciclo anual que uma vez plantado sempre deixa uma boa quantidade de descendentes que voltam no ano seguinte. As lagartas são um sucesso como devoradoras de folhas, tanto que de vez em quando jogo algumas ao outro lado do muro para dar um fôlego para a planta também se desenvolver e reproduzir. Um equilíbrio um tanto quanto instável. Elas engordam como porcos confinados. Porém não tem muito sucesso nas metamorfoses. Elas escolhem sempre lugares bem afastados das plantas para a transformação. Bordas de vasos, galhos, telhas, sempre sou surpreendido quando encontro suas lindas pupas verdes circuladas por um fio de ouro. Quando emerge do casulo a borboleta  tem apenas alguns minutos para bombear seus fluidos para desenrolar as asas e deixa-las bem esticadas, mais ou menos como quando se enche um bote inflável ou arma-se uma asa delta. Em contato com o ar as asas enrigessem rapidamente. As lagartas ficam tão preocupadas em escolher um abrigo seguro que esquecem do espaço para as futuras asas. Sempre encontro borboletas arrastando asas deformadas, impossibilitadas de voar. A beleza e leveza se transforma em peso. Teve uma vez que uma delas foi alimentada com uma tampinha de água com açúcar no quarto da Laura. Ficou lá por umas duas semanas arrastando-se pelas cobertas da cama, armários e paredes, nunca desistindo de tentar voar com suas asas descalibradas.


 



Mas parece que agora encontraram um lugar ideal com a proteção divina nas paredes da igreja 

 
Fachada da igreja São Pedro em Ivoti, agora em ruínas 



Ontem foi dia de aula. Em mutirão com  as alunas terminamos a segunda fase do forno. Lembrei das pupas que  havia descoberto no dia anterior. E qual foi minha surpresa quando peguei a fachada da igreja e lá estava, em toda sua exuberância, a recém transformada borboleta. Uma beleza que só a natureza tem

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sábado, 21 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Trabalhos de parto de um forno


Balançou mas não caiu!
Cinegrafista: Gilberto
Edição de vídeo: Laura Juarez Gassen.
Música: Richard Strauss - Also sprach Zarathustra

Nascimento de um forno cerâmico

Nesta última quarta-feira tive uma das mais satisfatórias vivências desde que dou aulas de cerâmica. Propus às alunas que construíssemos um forno de cerâmica. Elas toparam no ato. Acho que um ceramista só pode se denominar ceramista quando já preparou seu barro, modela,torneia, compõe receitas próprias de vidrados e já construiu um forno. Esta turma é muito boa e integrada. Neste semestre estamos nos dedicando às duas últimas tarefas. Primeiro fiquei um pouco receoso de que sobraria tudo para mim na construção. Mas por via das dúvidas comprei algus pares de luvas de pedreiro a titulo de incentivo.Foi ótimo, mostraram-se muito eficientes também como pedreiras.
Tijolos refratários sobre uma lage de concreto para dar estabilidade à estrutura.

Com auxílio de uma corrente consegue-se o desenho de um arco estável sem o auxílio de estruturas metálica. 
É uma técnica revolucionária que marcou a arquitetura dos antigos romanos,  facilmente identificada nos aquedutos e pontes.

Corte do modelo do arco. 

 
Preparação do arco. Todo mundo na lida. Até um fotógrafo exclusivo temos, o Gilberto. 


 
Preparação da argamassa. 

Ajuste dos tijolos isolantes, muito macios,  podem ser cortadas com serrote manual
A Perdita, nossa querida e estabanada companheira  foi desterrada para o outro lado do pátio por representar um grave risco ao patrimônio público. Quando tem rompantes de euforia não fica pedra sobre pedra. No atelier de forma alguma pode ficar feliz, seu rabo desgovernado vai varrendo as canecas para o chão, quebrando tudo .
Além das fotos muitas anotações dos detalhes sobre a  construção.
Colocação dos tijolos isolantes ao redor do molde de madeira.

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Ajustes finais. Os três últimos tijolos são os mais importantes, pois são eles os que darão a estabilidade ao arco especialmente o central, em cunha, que evitara o deslocamento indesejado da estrutura quando houver movimentos estruturais, que  acontecem durante a queima devido ao calor.

O momento de maior tensão é a retirada do molde. É a hora da verdade. Os romanos tem razão, o troço não cai mesmo. Ao longo de minha carreira ja fiz seis fornos. Todos tinham uma estrutura metálica de apoio que estabiliza a construção e serve de sustentação para a porta. Sempre os construí sozinho. Este modelo de construção que conhecia por manuais nunca havia feito.Imagine o mico se esta construção coletiva ruísse ?Minha credibilidade escoaria Dilúvio abaixo,sumindo no  rio Guaíba.
 
Subindo a parede da lateral do forno 

Os felizes trabalhadores Hilde, Rui, Carmem, Nicole, Ana, Luiza e Gilberto(atrás da câmera fotografando). Para a próxima semana está prevista a preparação da porta e a construção da chaminé
Hoje de manhã o canteiro de obras estava um tanto quanto caótico, organizei tudo e aproveitei para dar uma repaginada neste lado do jardim.


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Os dois pingos laterais foram as primeiras peças que fiz  quando iniciei minha jornada em escolas de cerâmica em 1988. O dorminhoco ao centro,aproveitando o quentinho,sou eu!


sábado, 14 de agosto de 2010

Procissão de bruxas

Após as importantes cerimônias acontecidas na última sexta-feira 13 , as 5 bruxas do atelier seguem para o campo de pouso e decolagem, em trajes de gala de onde partirão para São Paulo, serão as estrelas da revoada bienal de bruxas nos céus da cidade.

sábado, 7 de agosto de 2010

Repaginando o Visual

Minha imagem nunca foi de provocar comentários, mas desde que aboli o uso da tesoura, muitos metem a colher em minhas descuidadas melenas. No último domingo no brique um cliente me perguntou se eu estava virando hippie. Como posso virar o que sempre fui na essência?
O mais hilário aconteceu na minha aula de pilates que faço regularmente para corrigir a postura torta, consequência dos 20 anos de torno. Os instrumentos parecem ter sido inspirados na maquinaria infernal da tortura medieval. Nos porões da academia entre gemidos provocados pelo alongamento minha colega perguntou se alguém já havia comentado que meu semblante lembra o de Jesus de uma conhecida pintura. Coitada, entrou em delírio religioso para aliviar o sofrimento.
Na verdade os cabelos compridos são ótimos para afastar o friozinho neste clima doido de nossa querência. Além disso como não tenho o talento de Beethoven no piano, talvez umas boa cabeleira igual a do mestre melhore minha performance.