terça-feira, 26 de junho de 2012

Viagem interior


   Próximo ao nosso fornecedor de matérias primas para cerâmica se ergue a montanha de Montserrat, "la muntanya més emblemàtica de Catalunya", como dizem os nativos. Este massiço abriga um importante monastério católico com uma reconhecida tradição musical. Dizem que escutar o coro de meninos que acompanha as missas de domingo é uma experiência inesquecível  capaz de produzir sentimentos espirituais ao mais empedernido dos ateus. Está na minha agenda, mas sem data determinada.
As autopistas daqui são uma beleza de eficiência e um inferno para os que se atrapalham nas saídas. Algumas vezes  tens que rodar 15 quilômetros até alcançar um retorno. O que me aconteceu algumas vezes quando  ia comprar matéria prima. Num destes erros me acompanhava minha filha. A sucessão de erros  nos levou a contornar a montanha, mais ou menos pela metade. Uma rodovia segura mas com precipícios de perder o fôlego, por sua beleza e perigo. Depois que nos familiarizamos mais com as rotas  repetimos o "erro" intencionalmente. Atrás da montanha, do ponto de vista do monastério, reparamos em  uma placa indicando a localização da Cova de Salnitre, caverna do salitre. Neste último fim de semana resolvemos investigar,sem a mínima informação prévia. 

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Uma hora de caminhada e estavamos na entrada da caverna. Chegamos antes do guia. Depois de assistir um filme na sala de entrada da caverna fomos liberados para a viagem ao interior da montanha.  Percorremos sozinhos os 500 metros de subidas e descidas. A temperatura ambiente é estável nos treze graus tanto no inverno como no verão e a umidade é muito alta. Uma delícia já que o verão exterior nos está torrando.
No mês de julho, a noitinha, realizam concertos de musica de caráter intimista neste salão.
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Estas esculturas prodigiosas demoram milhares de anos para serem produzidas pelo artesão Pingo de Água que leva em seu interior cálcio dissolvido. Sua obra cresce em frações de milímetro por ano. Um dos poucos artesãos que pode se dar ao luxo de trabalhar completamente concentrado, dedicando-se a  sua obra prima 24 horas por dia, por séculos sem fim, sem preocupações. Ao contrário dos artesãos exteriores, arrancados de suas concentrações pelos compromissos da vida, contas a pagar, busca de feiras, verão e invernos extremos e outras chatices.

Dizem que Gaudi se inspirou nestas estalagmites para sua obra. De fato lembram as torrres da Sagrada família. 




Mesa com toalha posta a espera do café da manhã.

No caminho de volta encontramos vida florescente tirando sua força de uma pitada de terra em uma fissura da rocha



 Se eu não acreditasse que o cérebro quer dar sentido a imagens visuais sem sentido, diria que do alto da montanha nos mira a cabeça de um Jesus barbudo e um pouco cabeludo...

Um comentário:

Luiza disse...

Lindo passeio Rui!!! Estas fotos me fazem lembrar das tuas cerâmicas e dos teus esmaltes lindíssimos. Um beijo carinhoso pelo teu aniversário... muita saúde, alegria e felicidade. Tudo isso e muito mais, espero... nos próximos cinquenta.....